Castro de S. Miguel - Junta de Freguesia de Delães - Vila Nova de Famalicão

CASTRO DE S. MIGUEL

 
Localizado acerca de 200 metros da villa romana, este povoado da Idade do Ferro tem sido muito referidos pelos que se dedicam ao estudo da cultura castreja, devido ao facto de em 1884 ter sido encontrada, na sua proximidade, uma área dedicada a uma divindade indígena denominada BRIGUS.
 
A exploração de pedreiras provocou grandes destruições neste povoado principalmente na zona da acrópole. A noroeste apresenta várias plataformas bem definidas por taludes que esconderão muralhas e muros de suporte.
 
Estende-se para nordeste onde as plataformas se alargam e é mais visível uma muralha exterior. Algumas cerâmicas encontradas à superfície são atribuíveis à segunda metade do século I d.c. Apesar de não ter nenhuma área interconvencionada, uma caminhada até à sua acrópole poderá ser recompensada por uma magnífica paisagem tanto para o vale do Ave, a sudeste, como para o vale do Pele, a noroeste.

Em resumo, pode-se inferir que durante os finais do II Milénio a.c. se instalou no monte de S.Miguel uma comunidade que foi progressivamente construindo as suas casas e, para delimitar o seu povoado, o rodeou com uma muralha. Com a chegada dos Romanos à Península ibérica, principalmente ao norte de Portugal nos finais do I Milénio a.c., este povoado, tal como tantos outros da região, começa a receber influências por eles trazidas, pelo que não é estranho encontrar materiais até aqui desconhecidos em contextos desta época.

Fruto da politica romana então vigente, que consistia na valorização e exploração intensiva da terra, tornando-a uma fonte de rendimento económico, as populações, até então instaladas nos castros, começam, paulatinamente, a instalar-se junto aos vales, surgindo novas formas de habitat. Terá sido nessa altura que a  população do castro de S.Miguel iniciou a sua descida para o vale.

Em Perrelos, apesar de terem sido identificados alguns materiais que corresponderam a esse período cronológico, ainda não foram detectados os respectivos habitats, podemos contudo afirmar que não estarão muito distantes da plataforma actualmente em escavação. O tipo de materiais recolhidos sugerem que neste sítio foi construída uma villa (unidade agrícola romana constituída por uma extensão de terra, a casa do senhor, as casas dos trabalhadores e os armazéns e celeiros). A plataforma actualmente em escavação pôs a descoberto parte de um balneário que terá pertencido a essa villa. Também aqui é possível identificar tendências que se desenvolvem ao longo de todo o período de ocupação romana, tal como nas villas mais estudadas de Portugal, este balneário vai sofrer remodelações durante o séc. IV e nos finais desse mesmo séc., certamente devido a influência das invasões bárbaras, foi abandonado para posteriormente ser reocupada como casa de habitação, já no séc. V. Os dados mais recentes da escavação permitem afirmar que a ocupação deste espaço territorial se manteve ininterruptamente até ao séc. XIII.
 
Por tudo o que foi dito se pode concluir que Perrelos é uma extensão de grande interesse porque possui um importante significado histórico, por reunir num determinado espaço geográfico, vários períodos cronológicos de ocupação humana, testemunhos de vivências e factos, de actividades artísticas, económicas e habitacionais.
 
O espólio recolhido, basicamente cerâmica, provém quase que exclusivamente da camada vegetal, enquanto que as outras camadas são estéreis. Nestas duas camadas aparecem misturados alguns fragmentos de cerâmica comum romana, de sigillata clara e grandes quantidades de cerâmica medieval (fragmentos de jarros de pasta cinzenta, mal cozida, apresentando decorações plásticas e fragmentos de fundos em disco). Foram ainda recolhidos três fragmentos de mó circular.
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